Sebastião Penedo (Alvito,1945 - Lisboa, 2002)
Apareceu morto nas águas o Tejo, há cerca de dez anos. Ninguém sabe se foi suicídio, se foi descuido. Parece o mesmo, bem vistas as coisas. Tinha um problema com o alcoól, com a solidão, com a vida. Nos últimos tempos parecia ter perdido o sentido de tudo. O funeral foi em Alvito, a aldeia manuelina onde nasceu em Novembro de 1945. Disseram-me que vei...o muita gente de Lisboa, amigos das letras, que não esquecem a simplicidade de um homem que não pediu nada e não esperava nada. E que, como se viu, não teve nada. Sobraram pelo menos quatro livros de versos [talvez mais, mas não encontro rasto deles], algumas dezenas de poemas de uma simplicidade por vezes arrebatadora, de um lirismo eólico.
Apenas lhe conheço quatro livrinhos de versos:
Livro de Versos [1969]
Claridade [1973]
Meu Silêncio Amigo [1977]
Sumo Natural [1979]
(Não se sabe se há mais obras publicadas ou a publicar, até ao momento)
Colaboração: NOVA 2 [Outomo, 1976]
MOVIMENTO SIMPLES
Não nos ficam mal estes sentimentos
de simplificar as coisas mais difíceis
descansar um pouco quando nos cansamos
ou mudar a roupa se os ombros pesam
Não nos fica mal uma brincadeira
o inteligente regresso à infância
correr e ladrar com o nosso cão
confiar nos ares dentro da cabeça.
Inventar os outros leves mais felizes
livres e serenos mesmo ao pé da gente
não nos ficam mal estes sentimentos
um pouco de humor - o amor contente.
***
RECOLHIMENTO
A água corria do poço
para os gamelões frescos.
Folha dormideira,
imitava os açudes,
o sossego murmurado da ribeira.
O pastor assobiava,
em cuidado, em sintonia
com os pássaros ajudas.
Embebidos, os animais bebiam.
Apareceu morto nas águas o Tejo, há cerca de dez anos. Ninguém sabe se foi suicídio, se foi descuido. Parece o mesmo, bem vistas as coisas. Tinha um problema com o alcoól, com a solidão, com a vida. Nos últimos tempos parecia ter perdido o sentido de tudo. O funeral foi em Alvito, a aldeia manuelina onde nasceu em Novembro de 1945. Disseram-me que vei...o muita gente de Lisboa, amigos das letras, que não esquecem a simplicidade de um homem que não pediu nada e não esperava nada. E que, como se viu, não teve nada. Sobraram pelo menos quatro livros de versos [talvez mais, mas não encontro rasto deles], algumas dezenas de poemas de uma simplicidade por vezes arrebatadora, de um lirismo eólico.
Apenas lhe conheço quatro livrinhos de versos:
Livro de Versos [1969]
Claridade [1973]
Meu Silêncio Amigo [1977]
Sumo Natural [1979]
(Não se sabe se há mais obras publicadas ou a publicar, até ao momento)
Colaboração: NOVA 2 [Outomo, 1976]
MOVIMENTO SIMPLES
Não nos ficam mal estes sentimentos
de simplificar as coisas mais difíceis
descansar um pouco quando nos cansamos
ou mudar a roupa se os ombros pesam
Não nos fica mal uma brincadeira
o inteligente regresso à infância
correr e ladrar com o nosso cão
confiar nos ares dentro da cabeça.
Inventar os outros leves mais felizes
livres e serenos mesmo ao pé da gente
não nos ficam mal estes sentimentos
um pouco de humor - o amor contente.
***
RECOLHIMENTO
A água corria do poço
para os gamelões frescos.
Folha dormideira,
imitava os açudes,
o sossego murmurado da ribeira.
O pastor assobiava,
em cuidado, em sintonia
com os pássaros ajudas.
Embebidos, os animais bebiam.
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