quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

INSÓNIA NUMA NOITE DE VERÃO


Dei comigo deitado
debaixo das estrelas,
numa daquelas
noites que fazem da insónia que medra
um religioso agrado.
A minha almofada é uma pedra.

A dois passos de mim sentou-se um cão.
Sentou-se imóvel a olhar
sempre para um ponto, longínquo.
Quase parecia pensar,
que era digno de um rito,
que no seu corpo passaram os silêncios
do infinito.

Debaixo de um céu tão turquesa,
numa noite assim estrelada,
Jacob sonhou a escalada
dos anjos entre o céu e a sua almofada,
que era uma pedra.
Nas inumeráveis estrelas o rapaz
contava a sua descendência futura;
naquela região onde fugia a ira dura
do mais forte Esaú,
um império invicto na flor
da riqueza para a sua prole;
e o pesadelo do sonho era o Senhor
que lutava com ele.

UMBERTO SABA

PÁSSAROS


A alada
estirpe que adoro - e há no mundo tanta!-
vária de usos e costumes, ébria de vida,
desperta e canta.

UMBERTO SABA