segunda-feira, 8 de outubro de 2012

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Moreira de Rei

Antiquíssima vila e cabeça de um importante concelho, o seu nome lembra a todos os vindouros que Moreira acolheu o rei D. Sancho II quando ia a caminho do exílio de Toledo. Em Moreira de Rei decorreram as negociações nesse sentido, além da retirada do exército estrangeiro, estando presentes, para além de D. Sancho, o infante de Castela, o Conde Lopes de Haro, fidalgos castelhanos...
, leoneses e outros nobres de Portugal que haviam seguido o monarca deposto, de entre os quais o valido e principal causador da desgraça, D. Martim Gil.
Mais do que por esta hospedagem passageira, o povoado é memorável pelas sepulturas escavadas no granito. Era uma imensa necrópole proto-cristã, pois que tais sepulturas são de comum consideradas como dos primeiros tempos do cristianismo peninsular, o que representa muito na determinação da época em que, seguramente, se pode dizer habitado o território da freguesia. A maioria destas sepulturas situa-se nos terrenos que rodeiam a velha igreja de Santa Maria, edifício românico em granito datado do século XII e coroado de merlões. Na porta principal estão gravadas medidas-padrão medievais (côvado, braça, pé).
Alexandre Herculano considerou Moreira uma “espécie de ninho de águias sobre um montão de rochas”, e coroado por elas “o castelo e a cerca exterior meio destruídos, e ultimamente, por um indivíduo de fora que escavou e revolveu toda a entrada do castelo em busca de tesouros”.
São emocionantes as ruínas da antiga fortaleza. O castelo diz-se do tempo dos lusitanos ou da presença romana. Curiosamente alcantilado em enorme formação de mamelões de granito, debruça-se sobre linda vista e embora arruinado, ainda dispõe de alguns panos de muralha e da pitoresca Cadeira d’El-Rei, cavado na rocha, que nos consegue trazer imagens rememorativas do seu passado.
Por Moreira de Rei passava a estrada militar romana, sendo ainda visíveis alguns troços de calçada. Os lugares de Golfar e Esporões foram “villas” de possessores visigóticos, e godos eram também os esposos Rodrigo e Leodegundes a quem a “Moraria” do século X pertencia. E é a sua filha Flâmula quem, em 960, doa o castelo ao Mosteiro de Guimarães, de sua tia Mumadona. Em 1055, Fernando de Leão conquista o castelo aos mouros.
Moreira de Rei teve foral dado pelo primeiro rei de Portugal D. Afonso Henriques, em data desconhecida, confirmado por D. Afonso II em 1217 e foral novo em 1512 com D. Manuel I. As Inquirições de D. Dinis revelaram que no tempo de D. Sancho II, o opulento fidalgo desta região, Fernão de Soveral, aqui fizera uma honra de trinta casais; e havia mais vinte honrados, tendo sido tudo devassado por ordem real. No arrolamento de 1321 citam-se cinco igrejas do concelho de Moreira, sendo a mais importante a de Santa Marinha. O concelho tinha câmara, tribunal e o símbolo da autonomia municipal, o pelourinho de estilo manuelino, assenta em cinco degraus octogonais e a coluna assenta no último. O capitel tem moldura oitavada, encimado pela gaiola com oito esbeltos colunelos. No remate possui a esfera armilar com restos da grimpa.
O concelho de Moreira de Rei, extinto em 1855, abrangia o território das freguesias de Vila de Moreira e das actuais de Cótimos, Valdujo, Terrenho, Torre de Terrenho e Castanheira. Hoje, em superfície, a freguesia de Moreira de Rei é a maior do concelho de Trancoso.

 Localização: Moreira de Rei fica a 9 km da sede do Concelho na E.M. 600
Área: 34,40 km²
População: 673 habitantes
Anexas: A do Cavalo, Casas, Esporões, Golfar, Moinhos das Cebolas, Moreirinhas, Pisão, Valcovo e Zabro
Património: Igreja Matriz, Igreja de Santa Marinha, pelourinho, ruínas do castelo, sepulturas, necrópoles, lagares, cruzeiros e alminhas
Outros Locais: Potro (fraga do feitio de um cavalo), albarda, ródoas e varandão (imagens naturais em pedra) e miradouro do castelo

Castelo de Moreira de Rei