sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Arsenii Tarkovskii, três poemas



Cresce a névoa da vista – esse poder,
Duas luras em diamante invisíveis;
Surdo pela tempestade de outrora
E o bafo da casa de meu pai;
Nós cegos numa trança de músculos
Como bois velhos no campo arado;
E na noite não brilham mais
As asas do meu dorso.





                                     Íamos, sem saber para onde,
                          Perseguidos por miragens de cidades
                          Derrotadas construídas no milagre,
                          Hortelã pimenta aos nossos pés,
                          As aves acompanhando-nos o voo,
                          E no rio os peixes à procura da nascente;
                          O céu, a nós se abrindo.



os primeiros encontros

cada momento passado juntos
era uma celebração, uma Epifania,
nós os dois sozinhos no mundo.
tu, tão audaz, mais leve que uma asa,
descias numa vertigem a escada
a dois e dois, arrastando-me
através de húmidos lilases, aos teus domínios
do outro lado, passando o espelho.


arsenii tarkovskii


8 ìcones
versão de paulo da costa domingos
assírio & alvim

1987


F. Hayez






















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